COME COTAS

Come Cotas é cobrado hoje: entenda esse imposto e como ele afeta seus investimentos

A antecipação do imposto de renda sobre alguns tipos de fundos de investimento, conhecido como Come Cotas, é um dos custos que muitos investidores precisam considerar ao analisar o desempenho de seus investimentos. Essa cobrança é feita duas vezes ao ano, nos meses de maio e novembro, e pode pegar muitos de surpresa ao ver uma redução no número de cotas de seu fundo. Neste artigo, vamos explicar o que é o Come Cotas, como ele funciona e quais fundos são afetados por essa cobrança.

O que é o Come Cotas?

O Come Cotas é uma forma de antecipação do imposto de renda (IR) sobre o rendimento de determinados fundos de investimento. Em vez de a Receita Federal aguardar o resgate do investimento para cobrar o imposto, ela faz uma tributação periódica sobre os lucros gerados, diminuindo a quantidade de cotas do investidor proporcional ao valor do imposto devido. O nome “Come Cotas” surgiu exatamente pelo fato de a tributação reduzir a quantidade de cotas, e, portanto, o potencial de crescimento do investimento ao longo do tempo.

Como é cobrado o Come Cotas?

O Come Cotas é cobrado automaticamente no último dia útil de maio e no último dia útil de novembro, sem necessidade de qualquer ação por parte do investidor. O imposto incide apenas sobre os rendimentos acumulados até o momento, ou seja, o valor principal investido não sofre essa tributação. Caso o fundo não tenha gerado lucros durante o período, não há cobrança do imposto. Isso traz mais segurança aos investidores que aplicam em fundos, pois não há incidência sobre o capital inicialmente aplicado.

Qual é a alíquota do Come Cotas?

A alíquota do Come Cotas varia de acordo com a classificação do fundo:

• Fundos de curto prazo: Tributados a 20% sobre o rendimento semestral. Esses são fundos cuja carteira de ativos tem vencimento médio de até 375 dias.
• Fundos de longo prazo: Tributados a 15% sobre os rendimentos. Esses fundos possuem uma carteira de ativos com vencimento médio acima de um ano.

Essas alíquotas representam uma antecipação do IR devido. No resgate final do investimento, a alíquota definitiva aplicada seguirá a tabela regressiva do IR, e o valor já pago via Come Cotas será descontado do total.

Quais fundos são afetados pelo Come Cotas?

O Come Cotas incide sobre vários tipos de fundos de investimento, incluindo:

• Fundos de Renda Fixa
• Fundos Multimercado
• Fundos Cambiais
• Fundos de Crédito Privado

Esses fundos, populares entre os investidores brasileiros, sofrem essa tributação semestral, afetando a rentabilidade líquida dos investidores no longo prazo.

Quais fundos não sofrem a antecipação do imposto?

Existem algumas classes de fundos que não são afetadas pelo Come Cotas, proporcionando uma vantagem para quem quer evitar essa tributação semestral:

• Fundos de Ações: São tributados apenas no momento do resgate e têm uma alíquota fixa de 15% sobre os ganhos.
• Fundos de Previdência: Tanto os planos de PGBL quanto de VGBL não sofrem o Come Cotas, sendo o IR cobrado apenas no momento do resgate, conforme o regime tributário escolhido (progressivo ou regressivo).
• Fundos Imobiliários (FIIs): Também estão isentos do Come Cotas, com isenção de IR para pessoa física sobre os rendimentos, respeitando algumas condições.

Esses fundos são uma alternativa interessante para investidores que desejam evitar a tributação semestral e preferem acumular cotas ao longo do tempo sem interrupções.

Impacto do Come Cotas na rentabilidade

Embora o Come Cotas seja apenas uma antecipação do imposto que seria pago de qualquer maneira no momento do resgate, seu impacto na rentabilidade pode ser significativo, especialmente no longo prazo. Como a cobrança ocorre a cada seis meses, as cotas retiradas deixam de gerar rendimentos futuros, interrompendo o efeito dos juros compostos.

Por exemplo, se um fundo de longo prazo tem rendimentos de R$ 1.000 em seis meses, o governo “come” 15% desse lucro (R$ 150) em cotas. No próximo período, os juros incidirão sobre um montante menor, reduzindo os ganhos potenciais ao longo dos anos. Esse efeito cumulativo pode ser substancial, especialmente para investimentos de longo prazo.

Como evitar o Come Cotas?

Para investidores que querem evitar o impacto do Come Cotas em suas aplicações, há algumas opções viáveis:

• Fundos de Ações: Como mencionado, fundos que aplicam majoritariamente em ações não estão sujeitos à cobrança antecipada do IR.
• Fundos de Previdência Privada: Além de não sofrerem o Come Cotas, esses fundos podem ter alíquotas de IR menores dependendo do tempo de investimento e do regime tributário escolhido.
• Debêntures Incentivadas e FIIs: Para investidores que buscam outras formas de isenção de imposto, essas alternativas também podem ser vantajosas.

Considerações finais

O Come Cotas é uma realidade para muitos investidores em fundos de investimento no Brasil. Embora seja apenas uma antecipação do imposto de renda, ele pode impactar significativamente os rendimentos de longo prazo, especialmente pela redução do número de cotas, que afeta o crescimento composto do patrimônio.

Portanto, é essencial que o investidor leve em consideração essa tributação ao escolher o tipo de fundo para compor sua carteira. Além disso, fundos que não sofrem o Come Cotas, como os de ações ou previdência privada, podem ser uma estratégia interessante para evitar essa perda de cotas ao longo do tempo e maximizar os ganhos futuros.

Investir com inteligência significa estar atento a todos os custos envolvidos, e entender o impacto do Come Cotas é fundamental para tomar decisões informadas e de acordo com seus objetivos financeiros.